Nada será como antes amanhã!

Por Márcia Sardenberg

Uns meses antes de voltarmos para o Brasil, colocávamos a Elis para cantar " Nada será como antes". Nossa aventura na França, estava terminando. No pequeno "studio" no Les Marais, as arrumações do que viria e do que teríamos que abrir mão, estavam a pleno vapor. Os livros? Esses viriam todos, devidamente encapados com papel pardo para evitar a possibilidade de censura. Alguns objetos pequenos foram colocados em caixas e juntos com os livros vieram de navio.

 A cadeira de braços tão preciosa para nós, que segundo soubemos pertenceu a Glauber Rocha; ficaria. Aliás quase tudo ficou. Elis continuava: "Eu já estou com o pé nessa estrada. Qualquer dia a gente se vê. Sei que nada será como antes amanhã!".


Festas e mais festa de despedida. Uma ansiedade se apossava de nós. Como estará o Brasil? Diferente do que deixamos? Disseram que houve abrandamento da ditadura. Será?  E Elis continuava: "Alvoroço em meu coração. Amanhã e depois de amanhã". Chegamos num setembro e Vladimir Herzog foi morto em outubro. E Elis dizia: " Resistindo na boca da noite, um pouco de sal.


Mas, não é nada disso que queria escrever, porém pensando em você e no seu aniversário amanhã (15/01), que como sempre comemoraríamos com alguma festa em algum lugar, lembrei-me de nossos primeiros momentos como casados na ruazinha Ferdinand Duval, 13. A felicidade, o meu deslumbramento com cada acontecimento, morava ali e assim fui lembrando e escrevendo. Enfim, meu amor, na dimensão de onde estiver, receba minhas irradiações, meu carinho,  meu eterno amor, minha gratidão por me levar a lugares que antes só sonhava conhecer. Feliz aniversário Luiz! Meu Lu querido!

" Sei que nada será como antes amanhã!




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